O que fica em quem oferece

Reflexões sobre a prática invisível que transforma Todo mundo sabe como é bom receber um gesto gentil. Um lugar cedido, uma resposta paciente, um olhar que acolhe. São coisas simples, quase banais — mas, quando acontecem, mudam o tom do dia.

Agora...

Você já parou para pensar no que acontece dentro de quem pratica a gentileza?

Porque ser gentil, quando é de verdade, não é só um favor ao outro — é uma forma de se posicionar no mundo.

 É dizer com o corpo, com o tempo, com a escolha: "eu quero que o mundo, hoje, seja um pouco menos duro."

E quem faz isso, mesmo cansado, mesmo irritado, mesmo sem plateia... acaba descobrindo algo: dar gentileza também alimenta. Não de vaidade — mas de sentido.

 Porque o gesto não passa só por fora: ele atravessa quem o faz. Quando seguramos a porta com intenção,

quando falamos com cuidado, quando seguramos a vontade de devolver com grosseria... não estamos apenas evitando o atrito — estamos praticando algo maior.

E é aí que a gentileza se transforma em gesto ético.

Não porque somos santos, nem por obrigação — mas porque escolhemos participar da realidade com menos violência e mais intenção.

Gentileza, no fim, é um gesto de dar — que devolve. Não como troca direta, mas como movimento interno.

Quanto mais ela se repete, mais afina o nosso olhar. Mais amolece o coração.

Mais amplia a nossa capacidade de reconhecer o outro sem se perder de si.

E não, não é sempre fácil.

Mas é geralmente possível — mesmo que por um instante. E às vezes, um instante gentil muda mais do que a gente imagina.

Autora: Carol Brazil

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FOLHA DA CAPIVARA Edição nº 05/3  Julho de 2025

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