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  • Foto do escritorC.B.

Música: Lua de Fé -- Liniker

Atualizado: 30 de mai. de 2022











Quando te abracei senti, Que não tava só Tu e eu ali

Sentia que vinha lá das estrelas, Como um cometa pra tua mão Quando se pede o que tá querendo, Com os olhos vendo sem projeção Projeta a lua na barriga dela Outra parte do mundo que ela já conhece No ar, um fair de fairytale

Lua de fé, de fé, de fé Lua de fé, de fé, de fé Lua de fé

Dorme, dorme, dorme Fecha os olhos pra poder sonhar Chega à noite Volta e meia Vai ninar você

Foi graças a uma amiga brasileira que encontrei a cantora Liniker e fiquei fascinada. Sem dúvida, ela é uma personagem fora da caixa, que quebra todas as barreiras entre o feminino e o masculino.

Mulher trans, negra e figura de destaque do Movimento LGBTQIA+, Liniker representa autenticidade na black music. A sua voz potente e grave é considerada a mais romântica e swingada da cena musical brasileira.

A música que escolhi faz parte do seu primeiro álbum de estúdio, “Índigo Borboleta Anil”, onde descreve o seu mundo a partir do seu quintal em Araraquara, e é chamada “Lua de Fé”. Com certeza é a música que gosto mais: sabem aquelas canções que você ouve sem parar porque a cada escuta elas transmitem algo novo? É isso!

Acho que o título tem a ver com a questão de que cada nascimento traz consigo esperança e que isso poderia ser num mundo sem preconceitos (ao menos não tão fortes).

O texto é bastante curto e aparentemente simples, mas a história por trás é mágica: Liniker decidiu escrever essa música depois de abraçar a sua amiga cantora e compositora Luedji Luna e perceber que ela estava grávida de seu primeiro filho, Dayo, antes mesmo de ela lhe contar.




Aliás, a empatia e a capacidade de ver além do óbvio são características que só as almas iluminadas (como as das crianças e artistas) têm.

Na minha opinião, a letra da canção pode ser dividida em duas partes: na primeira parte (que se repete duas vezes) Liniker fala com a amiga, contando o momento exato que descobriu o doce segredo dela. Há referências a alguns corpos celestes que já são cheios de simbolismos em si: as estrelas, o cometa e a lua. As estrelas, e o cometa em particular, são símbolos do Messias, Jesus. Segundo as Sagradas Escrituras, quando Jesus Cristo nasceu, uma estrela anunciou seu nascimento e guiou os três Reis Magos do ocidente até o presépio onde estava o Menino Jesus, Maria e José. Essa estrela recebeu o nome de “Estrela de Belém” e o seu brilho intenso foi uma forma de representar que Jesus seria a luz do mundo. Quanto à lua, ela é universalmente reconhecida como símbolo de feminilidade e maternidade.





Em particular, Liniker faz referência ao lado escuro da Lua como lugar onde os bebês se “escondem” antes de serem concebidos. Já na segunda parte, Liniker fala diretamente com o bebê, entoando uma canção de ninar. A melodia é suave e ritmada, a voz grave e potente consegue ser mais delicada do que o veludo.

O visualizer que acompanha a faixa mantém uma atmosfera onírica, com uma luz suave típica do sonho. Liniker apresenta-se exatamente como alguém a definiu: “homem de saia e mulher de barba”. Há um disco que roda num prato de uma maneira hipnótica, enquanto Liniker escreve num caderno ou brinca com um bambolê.



A cena se repete várias vezes até ao momento em que ela se adormece.


O tema da infância é bastante recorrente no álbum “Índigo Borboleta Anil”; aliás, Liniker é canceriana, signo da família intimamente ligado à lua. Ela consegue criar uma aura de conto de fadas e, graças à sua voz hipnotizante, nos leva a um mundo mágico criado por ela.

Acho que a sugestão é que todos nós nos conectemos com a nossa infância, desfazendo-nos de todos os preconceitos, livres para expressar a nossa verdadeira natureza humana. A sociedade de hoje precisa deste quê de inocência, da capacidade de ver além do óbvio e da superfície. Não seria tudo mais simples?

Há muitos artigos sobre a história pessoal de Liniker e seu estilo único. Que tal verificar algumas referências? Veja:

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