Estamos em obras, e agora?
- Carol Brazil

- 23 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de set.
Reflexões sobre tempos difíceis e o que fazemos deles Ser acordado por uma furadeira.
Tentar trabalhar com o barulho de pisos sendo quebrados.
A dor de cabeça causada pelo martelete.
Ter a rotina interrompida por um elevador interditado.
A rinite que ataca por causa da poeira.
As faxinas mais frequentes em casa.
As crianças entediadas sem parquinho.
A saudade de um mergulho na piscina.
Essas são cenas que, atualmente, fazem parte do dia a dia no Edifício XXXXX.
É muito normal se chatear com isso.
Mesmo sabendo que a requalificação do prédio está acontecendo conforme o combinado, os transtornos existem, são reais, nos pesam — e, às vezes, até sobrecarregam.
O incômodo começa como uma experiência individual. E há quem se sinta diretamente atingido pelas intempéries… Mas lembremos que essa é uma experiência compartilhada — esse mal-estar também é um estresse coletivo.
Porque morar junto também é isso: passar, juntos, pelos períodos difíceis — até na convivência.
Cada um vai lidar com os transtornos de um jeito.
Tem gente que consegue relevar.
Tem dias em que a paciência dura menos.
Tem momentos em que tudo parece demais.
E isso tudo também faz parte. Talvez pequenas atitudes práticas — como o uso de fones intra-auriculares, tampões ou abafadores de ruído — possam trazer algum alívio sonoro em meio ao caos.
Quem sabe seja hora de chamar um vizinho para um café, ou levar as crianças ao parquinho Municipal!
Não é preciso fingir que está tudo bem.
Mas também não precisamos transformar o barulho de fora em ruído entre nós.
E nem deixar que o pó das reformas empoeire as amizades por causa da redução das áreas de convivência.
Embora não anule o incômodo do agora, o resultado final das obras será bom para todos nós. Por isso, desejamos força, delicadeza e tolerância.
O filósofo estoico Epicteto lembrava:
“Não é o que acontece que nos afeta, mas como reagimos ao que acontece.”
Que cada um encontre, à sua maneira, um jeito de atravessar este momento com dignidade e autopreservação — sem perder de vista o cuidado: consigo, com os outros e com a vida que pulsa, mesmo em meio à confusão.
Porque nem todo inconveniente precisa virar conflito. E até mesmo os períodos difíceis podem se tornar cenário para gentilezas inesperadas.
Autora: Carol Brazil
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FOLHA DA CAPIVARA Edição Especial (Adaptada) nº 2/1 Julho 2025
contato: capivara@carolbrazil.com
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