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Especial "Folha da Capivarinha": Quando a raiva vem...

Atualizado: 24 de set.


Quando a Carol era criança...


Sempre que ela sentia raiva, alguém dizia: 

“silêncio!” ou “entupa!”. 

Ela teve que aprender a esconder o que sentia — como se sentir raiva fosse algo feio ou errado.

Com o tempo, percebeu que os adultos ao seu redor não sabiam lidar com a raiva dela... porque também nem sabiam lidar com a própria raiva deles. Eles não tinham aprendido. Agora, Carol quer conversar com outras pessoas sobre isso. E se existissem formas melhores e mais respeitosas de acolher a raiva?

Sem precisar machucar ninguém. Sem precisar se calar.


O que é a raiva?


A raiva é uma emoção forte que aparece quando algo incomoda, frustra ou parece injusto. Às vezes, vem porque ouvimos um “não”. Outras vezes, porque alguém foi grosso. Às vezes, nem sabemos direito o motivo — só sentimos aquele calor no corpo, aquela vontade de gritar, bater o pé ou sair correndo. Quando somos crianças, ainda estamos aprendendo a entender o que é justo ou não. Mas mesmo quando a raiva se confunde ou exagera, ela ainda é real. E merece atenção.

💡 A raiva não precisa estar certa para ser legítima.


Para que serve a raiva?


Às vezes ela não serve para nada e a gente precisa só encontrar um jeito de ir se acalmando. Mas às vezes a raiva pode nos proteger. Ela é como um alarme que diz: “Ei, isso me fez mal!”. 

Ela pode ajudar a dizer:

 – “Isso não está certo para mim.”

 – “Não gostei do que aconteceu.”

Mas sentir raiva não dá permissão para gritar, bater, xingar ou machucar.

 ✨ Você pode sentir raiva sem agir com violência. Nenhum tipo de violência é legal — nem com o corpo, nem com palavras, nem com olhares que ferem. O que podemos fazer com a raiva?


Podemos conversar com um adulto de confiança — alguém que esteja calmo e possa nos ajudar a entender de onde veio essa raiva. Se foi mesmo algo injusto, será que podemos fazer algo para evitar que isso se repita?Mas, se foi apenas um limite que a gente não gostou, ou um “não” que não queríamos escutar, será que é possível ouvir com mais calma? 

Nem tudo que nos incomoda é injustiça. Às vezes é só parte da vida — e tudo bem se a gente precisar de tempo para aceitar.

Se a raiva continuar depois disso, você pode pensar, junto com o seu adulto responsável, em rituais seguros para liberar essa emoção sem machucar ninguém.

Algumas ideias para vocês pensarem juntos:

– Rasgar papéis velhos / Amassar jornal

 – Desenhar com as “cores da raiva”

 – Fazer careta no espelho

 – Respirar bem fundo e, quando o ar sai, imaginar a raiva saindo também

 – Pensar em outras ideias que façam sentido para vocês

Não é para fingir que a raiva não existe. É para deixar ela sair com respeito.


Por que aprender isso agora?


Se a gente aprende, desde cedo, a reconhecer e cuidar da raiva, fica mais fácil — agora e no futuro:

– Se acalmar quando algo irrita

 – Se colocar sem machucar ninguém

 – Crescer com mais segurança, respeito e firmeza


✏ Desafio da Capivarinha

No verso desta folha, tem uma capivarinha com raiva.

Enquanto você pinta, pense: o que te deixa com raiva às vezes? E o que você pode fazer com essa raiva, sem machucar ninguém? Se quiser, escreva ou desenhe abaixo: “Quando fico com raiva, eu posso…”


Autora: Carol Brazil



FOLHA DA CAPIVARINHA

Edição Infantojuvenil nº 05/3 Setembro de 2025


Esta folha é uma iniciativa independente, sem vínculos comerciais, religiosos ou políticos.

(verso)


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(carta-anexo aos adultos responsáveis)



Querido/a(s) responsável(is),


Escrevo essa carta aos adultos, como um complemento e anexo à edição 5 da Folha da Capivarinha – feita para crianças e pré-adolescentes, sobre "quando a raiva vem...". 


Queria, antes de tudo, fazer uma pergunta retórica: como você tem conseguido lidar com a sua raiva? E com a da(s) criança(s) sob seus cuidados?


Talvez você esteja ainda reproduzindo padrões repressores que aprendeu na sua infância.

Talvez esteja tentando fazer o oposto (e então, talvez, sendo permissivo demais).

Talvez você esteja já com um bom equilíbrio sobre o assunto.


Em todo caso, gostaria de refletir com você sobre como é importante saber lidar com a nossa própria raiva (mesmo que você tenha aprendido “errado” antes) — e também sobre como estreitar o vínculo com as crianças às quais somos responsáveis, sem ter medo de perder a autoridade.


Permitir que a criança expresse sua raiva não significa deixar que ela faça o que quiser.

Também não significa que você tenha que aprovar tudo o que ela sente ou diz com raiva.

Significa conduzir o processo. Estar ali com consciência, mesmo quando é difícil.

Com o quanto você conseguir de paciência, firmeza e escuta.

(E quanto mais você treinar, melhor nisso vai ficar).


A criança não nasce sabendo o que fazer com as próprias emoções.

E às vezes a gente chega na fase adulta ainda sem saber.

Mas não é tarde para aprender.


Os benefícios disso, a longo prazo, para o adulto cuidador, são a construção e manutenção de um vínculo forte e saudável com sua(s) criança(s). E, para a(s) criança(s), outro grande benefício é a facilitação de crescer se tornando alguém que sabe reconhecer a própria raiva, sabe o que fazer com ela — e, sobretudo, sabe identificar uma injustiça e se defender com assertividade das violências inevitáveis da vida.


Com afeto,


Carol Brazil

 
 
 

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