Hoje em dia o sistema da moda tem uma grande responsabilidade na questão ambiental e isso por causa da Fast Fashion - modelo de produção e consumo rápido de peças que lembram a alta costura, mas têm custo baixo e tempo de vida reduzido. Nessa lógica, as fábricas de roupas usam grandes quantidades de água, energia em excesso, produtos químicos nocivos ao meio ambiente, sem falar das emissões de carbono exorbitantes e das frequentes queixas pelas péssimas condições de trabalho em indústrias têxteis, chegando em alguns casos ao nível de escravidão, até infantil.
Vocês sabem quantos litros de água são necessários para fabricar uma camiseta de algodão? Veja só:
Felizmente, a consciência do impacto ambiental ocasionado pela Fast Fashion é cada vez maior e isso começou a gerar já algumas transformações substanciais na cadeia de produção.
A economia circular nasceu exatamente como estratégia vista a conter a economia linear (que se ocupa apenas de extrair recursos, produzir bens e descartar os rejeitos) e se baseia nos princípios de reduzir, reciclar, remanufaturar, reutilizar e reparar, com o objetivo de prolongar o ciclo de vida dos produtos têxteis e vestuário.
Porém, nem tudo que reluz é ouro e, como diz o provérbio italiano, “feita a lei, inventada a malícia”: muitas empresas usam alegações enganosas ou falsas somente para obter benefícios usando a palavra "sustentabilidade" como uma cortina de fumaça para sugerir que estão fazendo mais pelo meio ambiente do que de fato estão (isso se chama “lavagem verde”).
Há alguma possibilidade de desmascarar esses golpes? Claro que sim! Somente nós, enquanto consumidores, podemos fazer a diferença, repensando a nossa lógica de consumo de acordo com alguns pontos importantes:
- comprar menos roupas mas de qualidade, possivelmente expressão da produção local e privilegiando marcas que realmente escolhem todos os dias promover mudanças em direção a um mundo melhor (a internet nos ajuda a pesquisar e escolher);
- praticar o upcycling, usando a nossa criatividade para dar um novo propósito às roupas (um casaco pode ser um colete, uns jeans tornam-se em calções, uma toalha pode ser usada para fazer panos);
- doar roupas usadas para instituições de caridade ou depositar as peças que não queremos mais na urna ReCiclo:
Adicionalmente, os brechós estão em alta e são os melhores amigos da sustentabilidade porque a roupa mais sustentável é aquela que já existe. Eles não são mais sinônimo de lugares escuros e sujos onde encontrar somente peças desgastadas e fora de moda, mas tornaram-se lojas aconchegantes, onde as pessoas podem comprar peças únicas a preços acessíveis sem afetar o planeta.
Pesquisas mostram o crescente interesse dos consumidores brasileiros por moda sustentável (84% dos consumidores estão procurando comprar de marcas que apoiam causas pelas quais se identificam) e isso só pode influenciar positivamente as empresas de moda num ciclo virtuoso. Há muitos exemplos de iniciativas inspiradoras como a da empresa Semear Ecotêxtil que produz malhas e tecidos ecológicos a partir da reciclagem de resíduos têxteis ou a Flavia Aranha, primeira marca de roupas em tecidos naturais tingidos com plantas brasileiras a criar um plano exclusivo com um guarda-roupa compartilhado no Brasil.
Afinal de contas, a moda não é isso? Criatividade e capacidade de se reinventar continuamente para responder às necessidades e, neste momento, a questão mais urgente é o futuro do nosso planeta que vale mais do que o nosso absurdo consumismo!
Comments